Falar de esporte é sempre prazeroso. Independente da cultura, país de origem ou estilo social, nós buscamos no esporte uma maneira de aliviar a tensão, melhorar a saúde e nos entreter. O que muitas vezes não pensamos é que o esporte pode nos ensinar muito em relação ao nosso dia-a-dia corporativo. Isso porque o dia-a-dia de uma equipe esportiva é parecido com o dia-a-dia de muitas empresas. Ela tem atividades que devem ser planejadas, objetivos a cumprir, riscos, imprevistos e uma necessidade fundamental de gestão de pessoas. Neste paralelo, tiramos grandes lições que podemos transferir para projetos de qualquer natureza.
1. A força da equipe não vem da força unitária de seus integrantes, e sim da forma coesa com que a utilizam em prol do grupo.
Uma das principais jogadas do Rugby chama-se
Scrum. Nesta jogada, os integrantes de um time se agrupam para, juntos, formarem uma corrente forte, empurrar seu adversário e ficar com a bola. Neste momento, o valor mais importante é como os integrantes conseguem utilizar suas forças de forma conjunta para fortalecer o grupo ao invés de tentarem utilizar suas forças separadamente em prol de si mesmos.
Se transferirmos essa visão para uma equipe corporativa, entende-se que é necessário utilizar nossos talentos, dedicação e conhecimentos com o intuito de elevar a capacidade do time, ao invés de pensarmos individualmente. E não só dentro de nossa equipe, mas na empresa como um todo, pois um departamento individualizado não conseguirá sustentá-la. Enfim, todos fazemos parte do mesmo time e, como tal, precisamos trabalhar juntos para um benefício comum.
2. Dentro de uma equipe, todos somos iguais, temos a mesma oportunidade de contribuir e devemos ser tratados com igualdade e respeito.
Pode parecer uma coisa simples, mas muitas vezes não damos, como líderes, a mesma atenção para todos os membros de nossa equipe. Quando isso acontece, geramos frustrações que futuramente tornarão a equipe menos criativa.
No futebol moderno, aprendemos que um time é feito de mais do que 11 jogares. Se o técnico não souber manter sua equipe motivada e tratar a todos com igualdade, poderá promover desarmonia e tornar o time menos motivado.
Do mesmo modo, em uma equipe de projetos, devemos promover um ambiente onde todos sintam-se capazes de criar igualmente, independente da senioridade ou do cargo empregado. Muitas vezes, uma pessoa pode ser considerada Júnior para uma determinada tarefa, mas suas experiências de vida não podem ser avaliadas da mesma maneira. Assim, precisamos ficar atentos a não menosprezar considerações com base no peso do crachá e sim no conhecimento da pessoa, frente ao problema encontrado.
3. Motive todos a fazer o melhor para equipe. Mesmo que, para tal, seja necessário se sacrificar.
Muitas vezes fazemos algo que não gostamos, mas que deve ser feito para o bem da equipe. Incentivar e valorizar tais ações é fundamental para promover um ambiente produtivo.
Para o melhor do time, às vezes, o técnico muda o posicionamento de um jogador e o coloca para atuar onde não gosta; ou é obrigado a defender, quando seu desejo é atacar.
Em um time corporativo, em certos momentos, precisamos que os membros da equipe realizem tarefas que não gostam. Nesses momentos, o líder precisa mostrar de forma clara o valor da atividade, valorizar o empenho do profissional e entender certas falhas. Ao contrário, vai desmotivar ainda mais o profissional que já está angustiado com a atividade.
4. Controle a expectativa de seu cliente.
Gerenciar a expectativa de seus respectivos clientes é algo fundamental para o sucesso, tanto de uma equipe corporativa, quanto de uma equipe de futebol. Quanto melhor a expectativa for gerenciada, menor será a possibilidade de frustração.
No caso do futebol, os clientes de um time são seus torcedores e suas expectativas são diversas, de acordo com o momento de cada time. Certas vezes, um técnico sabe que não conseguirá apresentar atuações brilhantes, porém sabe que pode atingir o objetivo imposto pela diretoria e pela torcida, seja um título, uma classificação ou uma fuga do rebaixamento.
No caso de equipes de projeto, gerenciar expectativas vai além de entregar aquilo que foi prometido. É também ser honesto em relação aos prazos de entrega e àquilo que não pode ser realizado.
Em ambos os casos, pautar a expectativa em algo possível de ser atingido é um fator fundamental para o sucesso. Metas audaciosas demais podem gerar frustações, perda de confiança e declínio de apoio por parte dos clientes.
5. Celebre hoje, retome o foco amanhã.
Diversas vezes ouvimos um esportista dizer, logo após a conquista de um troféu ou medalha, que mal poderá celebrar, pois outra competição iniciará em breve, ou mesmo que conquistou a competição, enquanto ainda disputa outra competição. Outras vezes, ouvimos comentários de que certo esportista perdeu uma competição por ter comemorado excessivamente a conquista passada.
Da mesma maneira, na vida corporativa, quando entregamos um projeto ou finalizamos uma atividade, precisamos
celebrar o sucesso, pois celebrar o sucesso de uma empreitada é fundamental, seja na vida pessoal ou profissional. Entretanto, devemos nos precaver para que a fase de celebração não se prolongue demais, a ponto de nos fazer perder o foco em novas empreitadas.
6. Tenha adversários na vida, nunca inimigos.
Não existe competição sem adversário, seja no esporte ou em nossas vidas pessoais. Mas isso não quer dizer que nosso adversário seja nosso inimigo. Adversários enaltecem nossa vitória, fazem com que aprendamos com nossa derrota e que busquemos uma constante evolução. Inimigos nos fazem perder, independente de quem tenha vencido a disputa.
O UFC pode ser considerado um esporte violento, mas também pode ser considerado um esporte que preza pelo respeito mútuo e incondicional de seus competidores. Da mesma maneira, no ambiente corporativo, empresas podem identificar concorrentes como adversários em uma venda. Mas, em outra oportunidade, o uma empresa outrora concorrente pode ser parceira em um projeto ou consórcio. Em nossas vidas podemos encontrar muitos adversários: um pretendente à pessoa que gostamos, um concorrente à promoção que almejamos, ou a pessoa que negocia conosco em uma compra ou venda. Em todos os casos, a pessoa que concorre conosco deve ser tratada como nosso adversário e não como inimigo.
Por fim, podemos dizer que o valor em praticar e acompanhar esportes não se restringe à saúde do corpo e da mente, mas também em aprender conceitos que podem nos fazer pessoas e profissionais melhores. Pense nisso na próxima vez que assistir a um jogo de futebol, partida de tênis ou qualquer outro tipo de competição. Pode ser que você extraia desse momento muito mais do que apenas distração!