O Relatório do Caos é criado, anualmente, pelo Standish Group, e tem como objetivo apresentar um estudo sobre o cenário de projetos de TI. Para o estudo, o relatório apresenta uma comparação entre projetos para contrução de pontes e projetos de sistemas. O motivo do relatório escolher tal comparação, deve-se ao fato de serem projetos com características opostas. Enquanto um projeto de contrução de ponte tem pouquíssimia possibilidade de mudança de escopo, projeto de sistemas tem muita necessidade de mudança, devido ao dinamismo de seu mercado.
Para o relatório, projetos de contrução de pontes são, mundialmente, vistos como projetos de sucesso. E, quando fracassam, as causas do fracasso são investigadas profundamente, o que impede, ou mitiga, a possibilidade de repetição. Nos casos de projetos de sistemas, em caso de fracasso, suas causas não são investigadas e tratadas de forma correta, o que direciona para sua repetição.
O relatório aponta números impressionantes sobre os valores desperdiçados, por grandes empresas, devido a projetos que são cancelados antes mesmo de serem concluídos. Apenas nos Estados Unidos, 31% dos projetos são cancelados em fase de construção, o que implica em mais de 81 bilhões de dólares em prejuízos. E quando o projeto é concluídos, apenas 16% são entregues no prazo e custo estimados e com cerca de apenas 42% dos requisitos originais.
Mas por quê isto acontece? Por que os projetos de TI possuem números tão assustadores?
Acredito que a maior causa dos problemas esteja relacionado justamente com a comparação realizada pelo instituto para criação do relatório. Os projetos de TI nasceram com os conceitos da construção civil, como a fase de planejamento, a engenharia, arquitetura e contrução. Muitas metodologias de gestão colocam projetos de TI no mesmo patamar de outros projetos. Porém o dinamismo do mundo corporativo, não permite tal inclusão.
Eu costumo fazer uma alusão entre projetos de TI e seriados de TV, que acredito serem muito mais parecidos. Requisitos de projeto são como personagens do seriado; crescem de importância ou são excluídos de acordo com o andamento do projeto, ou seriado. E a comunicação entre a equipe técnica com seu cliente, é parecida com o retorno dado pelo público, durante a temporada de um seriado.
Outro ponto que difere projetos de TI dos demais projetos, é o fato de sistemas serem menos visíveis e tangíveis durante seu desenvolvimento. Em uma casa, ou ponte, podemos ver o que é contruído a cada etapa, sentir e tocar. Projetos de TI, por vezes, impedem tal percepção.
Por isso precisamos fazer com que o cliente esteja próximo da equipe técnica durante toda a fase de desenvolvimento de sistemas. Apresentar cada item desenvolvido e receber feedbacks sobre o andamento do projeto. E, para isso, precisamos mudar conceitos e buscar, no mercado, metodologias que embasem projetos de TI como algo singular, seja ágil ou não. Porém, o mesmo relatório aponta que projetos de TI, embasados por metodologias ágeis, apresentam melhores resultados.
Até o próximo post.
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